segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

A unção no crentês


Se tem algo que sempre me intrigou foi o termo "unção", usado à torto e à direito nas igrejas, evangélicas ou não. Principalmente dos anos 1990 para cá.

"Senti a unção no culto de hoje", compartilha a irmãzinha.

"Aquele servo do Senhor tem uma unção", adimira-se outro.

"Aquela irmã cantou hoje com uma unção...", pondera mais um.

O fato é que a unção (com ou sem óleo) se transformou no combustível do crente! E haja combustão! Quanto mais unção, mais fogo! Parece que a unção que uma pessoa ou até um culto reflete gera mais uma histeria coletiva do que um momento de encontro com a Verdade!

No Antigo Testamento bíblico, o ato de ungir se restringia ao ato de pegar um punhado de óleo preparado conforme as instruções de Deus dadas a Moisés (cf. Ex. 30.22-25) para santificar um sacerdote, um local, ou um objeto. Em nenhum texto se diz da unção como um fator preponderante da presença de Deus. Para isso, o termo mais comum é "glória" (2 Cr. 7).

Pois bem, então, segundo esse entendimento, unção significa consagração, separar algo ou alguém para Deus. Agora vamos partir para as profecias do Antigo Testamento até os tempos de Jesus.

Desde o fim da era davídica, os judeus e seus muitos profetas anunciaram a vinda do messias, ou seja, O Ungido, aquele que tem sobre ele a presença de Deus para trazer a paz. Com a vinda de Jesus, vemos em seu batismo que o céu se abriu e o Espírito Santo desceu SOBRE ele. A unção não foi com óleo, mas veio com o céu se abrindo e o Espírito de Deus vindo sobre Jesus com o anúncio do próprio Deus: "Tu és o filho amado em quem me comprazo", confirmando aquilo que já havia sido dito pelo anjo sobre Jesus, que era afinal o Messias, ou no termo grego, o Cristo.

Nos quatro evangelhos, o ato de ungir com óleo descritos são o de Maria, irmã de Marta, que pega um vaso de bálsamo e unge a cabeça e os pés de Jesus (repare que se trata de uma pecadora, uma "qualquer" e não um sacerdote ou alguém desse naipe) e das mulheres que queriam ungir o corpo de Jesus depois de morto (novamente executado por pessoas "comuns"). Em sua carta, o apóstolo Tiago aconselha  ungir com óleo os enfermos (Tg. 5.14) e João em sua primeira carta declara a unção como uma revelação dada pelo próprio Cristo acerca daquilo que Ele nos ensina e no que praticamos, confirmando a verdade em Cristo, para não cairmos no engano de falsos mestres (1 Jo 2.27).

Ademais, vemos Jesus declarando que estará com os seus discípulos todos os dias até a consumação do século (Mt. 28.18-20) e; onde dois ou três estiverem reunidos em seu nome ali ele estará (Mt. 18.20). Ou seja, O Ungido está com com todos aqueles que o receberam em seus corações!

A questão, então, não é se alguém tem ou não uma unção. Ora, a unção é o próprio Jesus, ou seja, é ter ou não ter Cristo em nossas vidas. Nada se refere à quantidade de óleo derramada, é uma verdade que arde (não na testa) no coração!

O fato é que aquilo que Paulo diz sobre estarmos cheios do Espírito Santo é confundido corriqueiramente com ser "mais" ungido. Se o Espírito Santo se apagou, então estamos "pouco" ungidos. Mas isso não tem respaldo algum no Evangelho de Jesus... Mesmo porque essa "medição" de unção se faz geralmente em cultos, reuniões de oração, no "monte", e por aí vai... Agora, será que temos o discernimento de sentir a unção quando estamos ajundando um vizinho a levar a filha em um médico? Ou quando estamos em nosso quarto orando por aquele primo enfermo? Ou quando vimos alguém com fome e damos de comer?

Quero andar com Jesus, o Ungido. Quero caminhar com ele. Quero senti-lo não com um ólinho derramado na minha testa, ou com algum tipo de catárse coletiva. Quero senti-lo sendo um com ele e só posso ser um com ele se as minhas atitudes refletirem a Sua Unção, a Sua Santificação, o Seu Amor, por mim e por todo o mundo. Essa é a Unção que eu busco...

quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

O “JESUS” QUE JESUS NÃO CONHECE!

Todos os dias encontro pessoas que vivem como bem entendem, mas desejam assim mesmo as bênçãos do Evangelho.

O ardil é simples:

A pessoa não lê a Palavra [exceto em reuniões públicas e a fim de basear o discurso de algum pregador], não conhece Jesus [exceto como nome poderoso nas bocas dos faladores de Deus], não ora [exceto dando gritos de apoio às orações coletivas], não pratica a Palavra [exceto a palavra do profeta do grupo, ou do bispo ou autoridade religiosa da prosperidade ou da maldição], não se compromete com o Evangelho [exceto como dízimo e dinheiro no “Banco de Deus”: a “igreja”]; e, de Jesus, nada sabe; pois, de fato, nada Dele experimenta [exceto como medo].

Entretanto, a pessoa fica pensando que o Evangelho que ela nem sabe o que é haverá de abençoá-la em razão de que ela está sempre no “endereço de Deus”: o templo da “igreja”.

Assim, vivem como pagãos em nome “de um certo Jesus” que não é Jesus conforme o Evangelho; e, mesmo assim, seguem “um evangelho” que não é Evangelho, para, então, depois de um tempo, acharem que o Evangelho não tem poder, posto que acham que já o provaram e de nada adiantou; sem saberem que de fato deram suas vidas a uma miragem, a um estelionato, a uma fantasia de “Deus”.

Milhões pronunciam o nome de Jesus, mas poucos o conhecem numa relação pessoal!

Na realidade o que vejo são pessoas estudando teologia sem conhecerem a Deus; entregando-se ao ministério sem experiência do amor de Deus em si mesmas; brigando pela “igreja” [como grupo de afinidades] sem amarem o Corpo de Cristo em seu real significado; pregando “a mensagem da visão da igreja” julgando que tem algo a ver com a Palavra de Jesus [apenas porque o nome “Jesus” recheia os discursos].

E mais: os que aparentemente sabem o que é o Evangelho e quais são as suas implicações, ou não querem as implicações para as suas vidas pessoais, ou, em outras ocasiões, não querem a sua pratica em razão de que ela acabaria com o “poder” de bruxos que exercem sobre o povo.

Assim, vão se enganando enquanto enganam!

O final é trágico: vivem sem Deus e ensinam as pessoas a viverem na mesma aridez sem Deus na vida!   
O amor à Bíblia como livro mágico acabou com o amor à Palavra como espírito e vida!

Não se lê mais a Palavra. As pessoas levam a Bíblia aos “cultos” apenas para figurar na coreografia e na cenografia da reunião — nada mais!

Oração em casa, sozinho, com a porta fechada, e como algo do amor e da intimidade com Deus, quase mais ninguém pratica!

Ora, enquanto as pessoas não voltarem a ler a Palavra, especialmente o Novo Testamento, jamais crescerão em entendimento e jamais provarão o beneficio do Evangelho como Boa Nova em suas vidas.

Há até os que depois de um tempo julgam que o Evangelho é fracassado em razão da “igreja” estar fracassada.

Para tais pessoas a “igreja” não é apenas a “representante de Deus”, mas, também, é o próprio Evangelho!

Que tragédia: um Deus que se faz representar pelo coletivo da doença do “Cristianismo” e que tem “igreja” a encarnação de um evangelho que é a própria negação do ensino de Jesus!

O que esperar como bem para tal povo?

Ora, se não tiverem o entendimento aberto, o que lhes aguarda é apenas frustração, tristeza e profundo cinismo.

Quem puder entender o que aqui digo, faço-o para o seu próprio bem!


Nele, que não é quem dizem que Ele é,



Caio

09/05/08
Lago Norte
Brasília
DF

(Texto extraído do site CaioFabio.com)

segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

Carência de pais

Minha esposa está entrando no nono mês de gravidez. Está sendo uma gestação complicada, com contrações iniciadas desde o quinto mês, problemas nas pernas e, agora, ela com seu 1,54 metro e um barrigão que não lhe cabe, passou por contrações de início de trabalho de parto, ficou internada por sete dias no hospital.

Mais um detalhe: esse será o nosso segundo filho, um menino, a minha mais velha já tem 3 anos. Esperta, carinhosa e ávida por socialização, adora conversar e brincar como toda a criança deve ser. E ela sentiu na pele esse período de separação, já que eu e minha esposa sempre fomos muito presentes e atenciosos com ela.

No penúltimo dia da internação resolvemos levar a minha filha para ficar conosco no hospital, já que era um quarto particular, então tínhamos a tranquilidade de deixá-la lá conosco. Ela, claro, curtiu muito, passeou pelo hospital para ver os bebês recém-nascidos (apesar de não ter conseguido, pois todos estavam nos quartos com suas mães), brincou no quarto, pintou com suas canetinhas e até jantou junto com a minha esposa a comida servida no quarto (sim, a comida era boa, os hospitais aprenderam!).

No início da noite chegou a hora de levá-la de volta para a casa da minha sogra, que cuidou dela nesses dias e ela foi sem muitos problemas. O problema foi ouví-la dizer "papai, você fica um pouquinho comigo na casa da vovó?". "Só um pouquinho, porque a mamãe está sozinha no hospital, preciso ficar com ela", respondi. Esse "pouquinho" levou quase uma hora e meia, ela grudada em mim querendo aproveitar ao máximo a minha presença.

Quando disse que ia realmente ir embora ela disse "Vamos assistir um desenho só um pouquinho?". Não resisti e assisti com ela o desenho. Ela então estava no meu colo, fazendo carinho em meus braços e repetindo muitas vezes "Papai, meu papai, meu papai".

Por fim, não consegui sair, conversei com minha esposa e vimos que a minha pequena precisava mais de mim lá na minha sogra do que minha esposa no leito do hospital. Ela deitou na cama comigo, ouviu estórias, oramos juntos, dormimos em paz.

Minha filha está apenas começando a vida, meu filho então nem se fala, mas o meu esforço e o da minha esposa será sempre o de suprir o que uma criança mais precisa para se tornar um adulto saudável e consciente do que é essencial para a vida: o amor. O amor que sentimos de Deus fluindo em nossos atos, pensamentos e decisões para convergir em nossos filhos e em todos que nos rodeiam.

Os filhos estão no centro do nosso amor, pois eles dependem dele para o seu desenvolvimento pessoal,  intelectual e espiritual. Será que temos toda essa disposição? Será que os seus filhos sentem a importância do seu amor por eles? Eles sempre sentem, nós é que nem sempre nos dispomos a preenchê-lo.

O nosso esforço é diário. Amar é todo o dia. Negar a nós mesmos é todo o dia. Sentir paz com essa negação é sentir o amor de Deus. Obrigado Deus por minha família, obrigado porque ela me faz enxergar Você.