segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

Carência de pais

Minha esposa está entrando no nono mês de gravidez. Está sendo uma gestação complicada, com contrações iniciadas desde o quinto mês, problemas nas pernas e, agora, ela com seu 1,54 metro e um barrigão que não lhe cabe, passou por contrações de início de trabalho de parto, ficou internada por sete dias no hospital.

Mais um detalhe: esse será o nosso segundo filho, um menino, a minha mais velha já tem 3 anos. Esperta, carinhosa e ávida por socialização, adora conversar e brincar como toda a criança deve ser. E ela sentiu na pele esse período de separação, já que eu e minha esposa sempre fomos muito presentes e atenciosos com ela.

No penúltimo dia da internação resolvemos levar a minha filha para ficar conosco no hospital, já que era um quarto particular, então tínhamos a tranquilidade de deixá-la lá conosco. Ela, claro, curtiu muito, passeou pelo hospital para ver os bebês recém-nascidos (apesar de não ter conseguido, pois todos estavam nos quartos com suas mães), brincou no quarto, pintou com suas canetinhas e até jantou junto com a minha esposa a comida servida no quarto (sim, a comida era boa, os hospitais aprenderam!).

No início da noite chegou a hora de levá-la de volta para a casa da minha sogra, que cuidou dela nesses dias e ela foi sem muitos problemas. O problema foi ouví-la dizer "papai, você fica um pouquinho comigo na casa da vovó?". "Só um pouquinho, porque a mamãe está sozinha no hospital, preciso ficar com ela", respondi. Esse "pouquinho" levou quase uma hora e meia, ela grudada em mim querendo aproveitar ao máximo a minha presença.

Quando disse que ia realmente ir embora ela disse "Vamos assistir um desenho só um pouquinho?". Não resisti e assisti com ela o desenho. Ela então estava no meu colo, fazendo carinho em meus braços e repetindo muitas vezes "Papai, meu papai, meu papai".

Por fim, não consegui sair, conversei com minha esposa e vimos que a minha pequena precisava mais de mim lá na minha sogra do que minha esposa no leito do hospital. Ela deitou na cama comigo, ouviu estórias, oramos juntos, dormimos em paz.

Minha filha está apenas começando a vida, meu filho então nem se fala, mas o meu esforço e o da minha esposa será sempre o de suprir o que uma criança mais precisa para se tornar um adulto saudável e consciente do que é essencial para a vida: o amor. O amor que sentimos de Deus fluindo em nossos atos, pensamentos e decisões para convergir em nossos filhos e em todos que nos rodeiam.

Os filhos estão no centro do nosso amor, pois eles dependem dele para o seu desenvolvimento pessoal,  intelectual e espiritual. Será que temos toda essa disposição? Será que os seus filhos sentem a importância do seu amor por eles? Eles sempre sentem, nós é que nem sempre nos dispomos a preenchê-lo.

O nosso esforço é diário. Amar é todo o dia. Negar a nós mesmos é todo o dia. Sentir paz com essa negação é sentir o amor de Deus. Obrigado Deus por minha família, obrigado porque ela me faz enxergar Você.

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