sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Sobre separação, família e casamento

Esse post era um comentário que eu tinha deixado em outro blog, mas resolvi publicar por aqui também, com pequenas alterações para melhor compreensão dos que leem sem se preocupar com a referência do tal blog.

Meus pais se separaram quando eu tinha 12 anos. Não quero questionar os motivos da separação, mas o fato é que toda a separação carrega consigo feridas na alma. Na alma dos pais e dos filhos em diferentes aspectos. Na época, meu pai era muito ausente, mesmo morando conosco. Nunca foi de sair comigo e com meu irmão, passar uma tarde de sábado juntos, nos levar a parques, não tinha disso. Depois da separação, tínhamos encontros aos domingos e sempre cheio de amarguras e ressentimentos com relação à separação, à minha mãe, chegava a ser quase insuportável! Foi duro construir uma imagem de pai.

Minha mãe sempre nos levou à igreja e na adolescência fui muito confrontado com a Palavra, com as grandes dificuldades de encarar Deus como Pai e pensar no meu futuro com relação a família e se eu ia acabar nas dificuldades que meus pais passaram. Definitivamente eu não queria isso, tanto que passei grande parte da adolescência numa espécie de reclusão, com muita timidez, sem buscar nenhum tipo de relacionamento.

Entretanto, uma das coisas que Deus foi me ensinando é que Ele nos amou, sendo nós cheios de defeitos e suscetíveis a todo o tipo de pecado, sendo que se Deus esperasse algo de nós já teria nos consumido faz tempo, porque a gente só pisa na bola... Mas Ele nos ama, Ele é AMOR. E essa é a lição para as nossas vidas.

Em 2002, conheci a mulher da minha vida e meu coração bateu mais forte (clichê, eu sei, mas não tinham outras palavras). E, pasmém, ela era uma menina que cresceu comigo na igreja, tocávamos juntos no louvor, saíamos em turma juntos... mas demorou anos para que eu percebesse que era ELA quem Deus me dera para amar! E aqui eu entro num ponto crucial para que eu entendesse o que significa o casamento: ele não foi feito para a minha felicidade. Percebe? Não disse que era ela que me faria feliz, pois aí está a armadilha do medo e da inconsistência humana: de que casamos para que o outro nos faça feliz. Não! Nos casamos para fazer o outro feliz, simplesmente, por amor!

No ano seguinte do meu namoro, venci meus medos e passados e resolvi casar. Hoje já estou casado há 7 anos, com dois lindos filhos, sabendo que o que tenho a oferecer a eles é amor.

Não sei o como estará meu casamento daqui a 5 ou 20 anos, nem que futuro aguarda os meus filhos, mas tenho em mente em dar o máximo de mim para eles e não esperar um mínimo deles para mim. Sem barganhas, assim como Deus é conosco.

Por fim, queria salientar que todo o amor gera perdão e todo o perdão vem do amor, amor-Pai, amor que nos amou primeiro. E foi assim que Deus trabalhou em minha vida para que, dentro do meu interior, não houvesse nenhum sentimento negativo com relação ao meu pai ou à minha mãe devido à separação. Mas isso é uma consciência que adquirimos conforme nos achegamos ao Pai, Paizinho, Pai querido.