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quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Agosto

Agosto nunca mais será o mesmo

Lembro de quando moço, sem esperar muito no esforço
Na igreja reunida, mas sem ver a parte querida
Que se aguardava com esperança
Mas o abraço foi para a vivência

Agosto não era tão feliz assim

Quando o tempo passa, ele ajunta ou separa
Com dedicação das partes
A história é recontada
Mas parece que não seria assim...

Agosto já não tinha tanta importância

Passa-se os anos e é como se não tivesse
Novamente a vivência fez-se de agosto
Agradeço a Deus como quem não merece
Que prepara o despertar de um sono

Agosto é outro significado

Ao me tornar agosto, agosto mudou
Da generosidade de um mero momento
O coração se abriu para o que era dor
E com a aproximação veio o contentamento

Agosto não podia ser mais o mesmo

No limite foi submetido ao extremo
Rupturas de um mundo sem sentido
Sem a fumaça que encobria o remendo
Foi o Cristo abrindo o caminho

Agosto não será mais o mesmo

A distância que existia foi deixada
Mesmo antes do olhar comovente
O reencontro de agosto com a ninhada
Sim, foi o melhor presente

Agosto nunca mais será o mesmo

quinta-feira, 8 de julho de 2010

Despertar

Vejo magro, frio, estático
Sem um cálamo que brota do interior
Apenas cego, apenas torpor

Amparado na aparância para quem não se quer essência
Mendigado no labor para não se confrontar em nada
Homem cego, homem torpor

Sem vislumbre do eterno
Homem cego, homem nú
Com amplitude do ego
Sem levar a tua cruz

Mais de tudo, mais de nada
Geração estampada
Sem ardil, só pavil
Sem amor, apenas torpor
Apenas torpor

Insensatez à revelia contra os sinais que aqui propicia
Ódio, ódio, mente fria
Sem mudança antes que seja tarde

Voltemos à Esperança
Ao vencedor a pedra branca
À mente equilibrada que se lança sem partido
Que estende ao homem cego a mão do Único Caminho

Voltemos à Criação
Sem receio da bofetada
Ao cuidado na contra-mão
Dos que esnobam a alvorada

Amparado na essência da luz de quem quer sentença
Advogado junto ao filho, não quer que nenhum se perca
Homem volte ao seu juizo, antes que chegue o dia


sexta-feira, 5 de março de 2010

Um novo tempo

Dois filhos, uma menina e um menino
A menina, se com o pai está, o menino com a mãe terá

O menino ainda muito novo ainda não se interessa em brincar mais um pouco
A menina, por ser a mais velha, quer um pingo mais de uma cantiga daquela

A menina, toda meiga e falante, não se incomoda em ser a mais vibrante
O menino, ainda nas inflexões de sua formação, quer mais é ouvir o coração

O menino ainda é domado, sem esforço para deixá-lo no lado
A menina já é arredia, pula e salta por baixo e por cima

A menina dorme a noite toda, mas usa todos os cantos da fronha
O menino dorme acorda e acende, mas depois de algumas horas se rende

O menino cresce muito rápido, no comprido das minhas pernas ficou árido
A menina ainda pede colinho, não quer deixar os braços de quem está curtindo

Menina, menino, cresce em nós
Mamãe, papai, cresce em nós

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

Homem profundo




Meu filho
Meu menino
Meu homem

Em sua dependência para o menor que seja, te vejo repousando tão sereno, tão pequeno, tão em paz
Seus gemidos são cantos que refletem um sossego só de quem tem apego ao colo que apraz

Se encolhe e se estica, se faz dizer ao se espremer
Se mostra firme sem nenhuma força
No seio materno que o fortalece e o satisfaz

Meu filho
Meu menino
Meu homem

O que o encomoda? Não ao som da viola...
O que quer mudar? Passeios no colo para observar

Sim, para observar, não simplesmente olhar
No mais profundo azul do oceano, olhos atentos querem mais
Sim, para observar, manchas talvez, mas com a convicção do mais profundo olhar

Meu filho
Meu menino
Meu homem

Ando em direção ao profundo que diz ao meu mundo
Cheguei

Homem-menino André, assim como seu nome é
Olhos atentos então, observam o mais profundo do coração


quinta-feira, 22 de outubro de 2009

Pão tostado

Um dia qualquer, manhã, bem cedo.
Leite na leiteira, boca superior esquerda acesa.
Pão de forma, margarina com sal, tostadeira, boca inferior esquerda acesa.

Olhar fixo no leite, olhar fixo no pão.
Esquenta de um lado.
O leite quase fervendo, boca esquerda superior apagada.

Caneca, leite, café na garrafa térmica.
O pão, o pão, vira.
Passou o ponto.

Caneca, café com leite, fumegante.
Sol na janela, olhos distantes, olhos voltantes.
O pão, o pão, vira.
Passou o ponto.

Amanhã uma nova oportunidade.
Aprendizado diário.
Um dia qualquer...

quarta-feira, 8 de julho de 2009

Eu

Eu tenho emprego.
Eu tenho fartura.
Eu tenho gana.
Eu tenho mulher.
Eu tenho amigos.
Eu tenho autossuficiência.
Eu tenho orgulho.
Eu tenho Eu.
Eu tenho.
Eu.

Não tu.

Eu.

Eu perdi. Eu ganhei.
Eu vendi. Eu comprei.
Eu carreguei. Eu cansei.

Eu quis. Eu olhei.
Eu pedi. Eu olhei.
Eu fiquei.

Eu me desesperei.
Eu olhei em outro sentido.
Eu busquei sentido.

Eu senti algo que não veio do Eu.
Eu percebi que não estava só Eu.
Eu amei algo que não era Eu.

Eu aprendi Você.
Eu falei Você.
Eu quis Você.

Você e vocês.
Você É. vocês são.
Você e vocês, bem melhor que eu.