sábado, 27 de março de 2010

Assembléia, congregação e choldra

Outro dia abri uma gramática me deparei com uma relação de substantivos coletivos e observei o significado de assembléia: reunião de parlamentares, membros de uma associação. Para quem é crente antigo como eu, logo vem à mente a denominação Assembléia de Deus, ou a assembléia dos santos, dos anciãos, ou do Senhor, mencionada na bíblia.

O fato é que, por ser oriundo da igreja metodista, não é um termo que costumo usar corriqueiramente. Aliás, nunca me refiro à igreja como assembléia, pois acabo por relacionar como uma reunião de parlamentares mesmo e isso não soa nada agradável ou, infelizmente, digno.

Também vi na gramática o coletivo congregação: reunião de religiosos, de professores... Me parece que congregação é um termo mais comum, apesar de que também pode-se remeter ao grupo da Congregação Cristã do Brasil e, não, não sou a favor daqueles rigores legalistas dos quais eles seguem. Além do que, por definição metodista, a congregação é uma igreja em formação, que ainda depende de uma outra comunidade para caminhar, precisa ainda de apoio, ou seja, uma igreja com pouca estrutura organizacional.

Mas a verdade é que no final os dois coletivos querem passar a idéia de reunião de pessoas para determinado fim, com propósitos em comum. Aliás, igreja também é um coletivo com o mesmo sentido, com a mesma idéia de ajuntamento. Esse negócio de achar que igreja já vem com a carga de cristandade já no termo é coisa do nosso condicionamento mental ocidental, pois o termo grego, ekklesia, se referia a qualquer tipo de ajuntamento de pessoas.

Taí, igreja, assembléia, congregação, fique com o termo que você quiser, só não escolha outro coletivo que li nessa mesma lista: choldra.

Porque não é de hoje que muitas assembléias são tomadas de choldras e muitas congregações são manipuladas pelas choldras.

Aí, usa-se o poder da palavra, travestida de Palavra de Deus, para ser choldra, corja: canalhas, patifes, ordinários, estelionatários, seres repugnantes.

Me atrevo a dizer que no meio evangélico a maior parte dos líderes religiosos são esses politiqueiros, interessados em poder, grana, status; e para isso não medem esforços em comandar rebanhos inteiros das formas mais diabólicas que se podem encontrar. Sei que isso é comum em muitas outras religiões, mas vou ater-me ao meu quadrado, já diria aquela linda canção...

Por isso prefiro agir e estar pelas beiradas. Por isso quero seguir no Caminho, aprendendo com quem quer ensinar a centralidade do evangelho, Cristo, e não se deixa levar por interesses que não são do Reino. Não quero compactuar com nenhuma choldra.

quarta-feira, 17 de março de 2010

Perda, privada e práxis



Estou lendo um livro escrito pelo Ed René Kivitz, chamado O livro mais mal-humorado da Bíblia, que aprofunda um estudo sobre as angústias e incertezas do Eclesiastes. Nesse livro, percebemos como vivemos numa vida em que somos reféns do tempo e do acaso e que muito pouco podemos fazer a respeito para que consigamos mudar uma certa circunstância.

Parece uma visão pessimista ao extremo, mas, como diz o próprio autor do livro, na verdade ela é realista. Sim, todos nós estamos suscetíveis a todo o tipo de situação nesse mundo, seja ela boa ou má. Mas uma coisa, o Eclesiastes sabe: o que nos resta é a confiança em Deus. Tá bom, duas coisas: e que devemos aproveitar a vida da forma mais sábia, amando as pequenas coisas da vida, dando valor a elas.

Este preâmbulo todo que me fez abrir esse post é apenas para relatar uma pequena coisa, mas que percebemos o valor que damos a cada situação (corriqueira) da vida. Aí vai a história:

Minha sobrinha Bia, de um aninho foi em casa um dia desses e em um momento que minha filha, Raquel, precisou ir ao banheiro, ela foi junto com uma bonequinha da personagem Moranguinho nas mãos. Quando minha esposa disparou a descarga, a minha pequena sobrinha tacou a bonequinha dentro da privada e que teoricamente teria ido literalmente pro ralo. Digo teoricamente porque a bendita da boneca ficou presa na passagem para o encanamento, pois ela tinha um chapelão preso na cabeça que impediu que a mesma fosse conhecer os esgotos de São Paulo.

Só que fomos perceber o tal entalamento no dia seguinte após alguns depósitos fecais insistirem em não ir embora. Pois bem, no dia seguinte, lá vai eu tentar algum procedimento para desentalar a Moranguinho (com chocolate) da nossa privada. Enfiei a mão num saco plástico, amarrei um elástico no ante-braço e fui escarafunchar degetos para o resgate supremo da chapeluda boneca. Nisso, a Raquel pegou um banquinho e começou a assistir o meu martírio de camarote, na esperança de rever a sua Moranguinho.

Cutuca de lá, cutuca de cá, descargas para tentar limpar o ambiente e depois de tanto mexer, enfim, consigo puxar a danadinha e nojentinha boneca. – Consegui!, gritei. – Deixa eu ver, papai!, ansiava a minha filha. O estado dela não era nada agradável. Mostrei para ela e falei que infelizmente ela não teria mais como brincar com ela, pois ela tava muito suja e teríamos que jogar fora. Foi o que eu fiz. Enfiei num saco plástico e joguei no lixo externo do prédio.

Quando eu voltei, encontrei minha filha deitada na cama com a minha esposa aos prantos. – Minha Moranguinho, minha Moranguinho... – Calma, você vai ganhar outra, dizia mamãe cuidadosa. No dia seguinte, minha filha estava muito feliz porque estava assistindo o desenho da Cinderela que ela gosta muito...

A perda, em qualquer de suas proporções, nos faz perceber a nossa pequenez em relação ao acaso desse mundo e na nossa impossibilidade de controle total de nossas vidas. Por isso, como no Eclesiastes, que sejamos guiados pelo vento, pelo Espírito, para que, em meio à perda, tenhamos consciência de que esse mundo incontrolável (para nós), pode ser muito bem aproveitado por quem percebe que o outro dia é um novo dia...

Nas devidas proporções, é isso.

terça-feira, 9 de março de 2010

Banho de pipoca dos evangélicos e "passe" gospel

PERGUNTE AO PASTOR:
Uma conhecida passa por crise no casamento. Está deprimida, pois foi traída pelo marido. Procurou a umbanda para solucionar seus problemas. Lá, 'rezou' o Pai- Nosso, tomou banho de pipoca e disse ter saído se sentindo ótima. O que dizer a ela?


Rev. Antônio Carlos Costa

Fazer teologia em cima de experiência é um erro. Teologia é uma ciência que deve ser elaborada com base em doutrina revelada nas Escrituras Sagradas, jamais na experiência humana. O conhecimento da verdade deve ter como fundamento, a solidez do ensino dos profetas e apóstolos - o Antigo e o Novo Testamento -; em hipótese alguma, a areia movediça das experiências humanas.

Uma pergunta como essa é ótima, porque lança grande quantidade de luz sobre a qualidade do cristianismo que vivemos em nossas igrejas. Para o evangélico comum, é óbvio que essa pessoa não teve uma experiência com Deus, pois Deus jamais haveria de se revelar ao homem numa sessão de macumba, através de crendice pagã -banho de pipoca, verdadeiro ultraje à dignidade humana -, e com sua Palavra sendo usada sem entendimento algum. O fato de a moça se sentir melhor, não quer dizer nada, em razão do fato de seu alívio psicológico não ter como causa uma real apreensão intelectual da verdade, capaz de atingir o coração e mover a vontade. Bom, pelo relato tão sucinto da experiência, essa seria também a minha conclusão.

Aquilo em que difiro do que em geral é capaz de fazer a leitura supracitada, é na certeza que tenho de que esse tipo de experiência acontece dentro das nossas igrejas. O ritual é outro. Sabemos, bem diferente. Mas, o engano é o mesmo.

Nas igrejas do nosso país, milhares têm passado por experiências sem a mínima relação com a verdade. O argumento usado para defender o que é feito nessas igrejas em nome do cristianismo, é da mesma natureza das justificativas usadas para se defender as experiências que um número infindável de pessoas têm nas seitas. Elas relatam haver experimentando grande paz e alívio.

Leia +.

sexta-feira, 5 de março de 2010

Um novo tempo

Dois filhos, uma menina e um menino
A menina, se com o pai está, o menino com a mãe terá

O menino ainda muito novo ainda não se interessa em brincar mais um pouco
A menina, por ser a mais velha, quer um pingo mais de uma cantiga daquela

A menina, toda meiga e falante, não se incomoda em ser a mais vibrante
O menino, ainda nas inflexões de sua formação, quer mais é ouvir o coração

O menino ainda é domado, sem esforço para deixá-lo no lado
A menina já é arredia, pula e salta por baixo e por cima

A menina dorme a noite toda, mas usa todos os cantos da fronha
O menino dorme acorda e acende, mas depois de algumas horas se rende

O menino cresce muito rápido, no comprido das minhas pernas ficou árido
A menina ainda pede colinho, não quer deixar os braços de quem está curtindo

Menina, menino, cresce em nós
Mamãe, papai, cresce em nós

terça-feira, 2 de março de 2010

Canções inspiradas por Deus [1]

De vez em quando colocarei aqui no blog canções inspiradas por Deus que refletem o caminho que trilhamos junto ao Criador, mas que pouco carrega algum espírito religioso, cheio dos clichês e mesmices que as canções góspi estão lotadas.

Começarei com essa canção ungida dos Titãs.

Enquanto Houver Sol

Composição: Sérgio Britto

Quando não houver saída
Quando não houver mais solução
Ainda há de haver saída
Nenhuma idéia vale uma vida...

Quando não houver esperança
Quando não restar nem ilusão
Ainda há de haver esperança
Em cada um de nós
Algo de uma criança...

Enquanto houver sol
Enquanto houver sol
Ainda haverá
Enquanto houver sol
Enquanto houver sol...

Quando não houver caminho
Mesmo sem amor, sem direção
A sós ninguém está sozinho
É caminhando
Que se faz o caminho...

Quando não houver desejo
Quando não restar nem mesmo dor
Ainda há de haver desejo
Em cada um de nós
Aonde Deus colocou...

Enquanto houver sol
Enquanto houver sol
Ainda haverá
Enquanto houver sol
Enquanto houver sol...(3x)