quarta-feira, 24 de junho de 2015

DEUS, SARA ESSA NAÇÃO!




Hoje pela manhã escutei a notícia de um assalto realizado na Zona Sul de São Paulo por uma - pasmem! - quadrilha de assaltantes mirim, onde o protagonista da cena era um garoto de apenas nove anos de idade. Outro integrante do bando, com apenas 13 anos, já era conhecido pela comunidade como "criminoso" em potencial. E a imagem transmitida pelo telejornal era tão chocante quanto a notícia: uma fila indiana de crianças entrando num camburão da polícia. É meu amigo, o Brasil foi a falência, e faz tempo! Mas será que essa nação ainda tem jeito? Bem, se fosse possível voltar no tempo e desviar a rota dos portugueses, quem sabe sim, mas como infelizmente Dr. Emmett Brown e DeLorean são apenas personagens fictícios, nossa única saída está em tentar, com muito esforço e boa vontade, encontrar um fio de esperança em meio a essa realidade de desesperanças.

No geral, o cristianismo insiste em dizer que problemas relacionados a criminalidade e educação explicam-se na ausência de Deus, mas eu me pergunto, em que sentido? Pois os japoneses, por exemplo, são modelos de cidadania, segurança, educação e cultura e de minoria cristã. "O país consegue manter as taxas de homicídio em 0,3 morte a cada 100 mil habitantes, uma das menores do mundo. [...] Para a ONU, a baixa taxa está associada a uma sociedade estável e próspera, com baixa desigualdade e altos níveis de desenvolvimento. Os números estão em constante declínio. Em 1955, a quantidade de assassinatos cometidos por homens japoneses era 10 vezes maior do que atualmente. Segundo a Agência Nacional de Polícia do Japão, o número de homicídios e de tentativas de homicídios caiu 8,8% em 2013, somando apenas 939 casos. No Brasil, foram mais de 50 mil em 2012."¹

E agora, como responder a essa questão? Uma sociedade que é referência de cidadania e comportamento ocupar o segundo lugar no ranking de maior número de ateus no mundo?² É amigo, agora ficou difícil! Se quisermos salvar o Brasil do caos em que está metido, precisamos ir por outro caminho, pois seguindo a lógica sem lógica dos ateus japoneses, a fé parece não ter muita relação com a cura da nação. Cantar e clamar para que Deus sare a nação brasileira, pedir que derrame o óleo da sua unção sobre essa pátria perdida e não exercer o mínimo de raciocínio, me faz pensar que falta Deus nessa atitude, por mais espiritual que ela pareça ser. Não julgo a fé genuína dos cristãos que assim procedem, pois só Deus é capaz de sondar os corações e suas intenções, mas você há de convir que alguma coisa está errada, pois os 'números' não batem nessa conta.

Por exemplo, a discussão sobre a maioridade penal está em alta (como se fosse a saída genial para a diminuição da criminalidade), mas qualquer pessoa com o mínimo de informação tem ciência de que este será apenas um paliativo, semelhante ao efeito de analgésicos para a dor de um tumor. Nossa nação há séculos está sendo corroída pelo câncer e os governantes insistem em investir em novos analgésicos. E por que fazem isso? Porque a cura do tumor tiraria o poder de suas mãos e o dinheiro de suas cuecas. Cidadãos que pensam (e agem!) são o pesadelo de políticos inescrupulosos.

Imagino que você, assim como eu, também anseie por um Brasil livre da criminalidade, que seja exemplo em cidadania e educação, mas para início de conversa, há que se mudar a mente da população que, infelizmente, está cauterizada. E tentar reformar vasos que estão prontos é um serviço desgastante, demorado e trabalhoso (não que não seja necessário), mas veja que grande potencial temos na argila, ou seja, num pedaço de barro disponível a ser moldado. O caminho para a cura da nação brasileira está dentro das escolas e enquanto nossas autoridades (inclusive as religiosas) continuarem insistindo em quebrar e reformar vasos prontos e ignorar "os pedaços de argila", patinaremos na lama. O triste é que mesmo depois de séculos de sofrimento e erros atrás de erros, o investimento na indústria de novos vasos permanece em segundo plano. Num país onde paga-se 1 milhão de reais para um bumbum de reality show e R$ 1.500,00 a um profissional da educação, é certo que que o governo está andando pra trás, ladeira abaixo e de olhos vendados. As nossas escolas públicas são um desastre. O investimento em educadores uma vergonha sem tamanho! Que me perdoem as palavras, mas enquanto os governantes burros não investirem numa educação de qualidade, o Brasil continuará a produzir novos burros, que em pouco tempo estarão ocupando cargos políticos. Um verdadeiro círculo vicioso.

Tomando novamente a nação japonesa como referência, faça uma pesquisa rápida e descobrirá um modelo extraordinário de educação. Ali está a resposta para o exemplo de sociedade que tanto almejamos. Dinheiro nós temos, o que nos falta é escrúpulos para fazê-lo chegar ao lugar certo, e isso só será possível se acrescentarmos na argila de hoje uma boa dose de caráter, para então termos esperanças de uma nação reformada amanha. 

Quero com esse texto te convidar a clamar a Deus para que levante autoridades que tenham essa consciência, e mais do que isso, que você, leitor, seja desafiado a investir tempo, dinheiro e vida na educação das crianças que te cercam. Especialmente seus filhos! Deixa-los a mercê do lixo midiático e soltos para que o mundo molde seus corações só nos trará uma recompensa: mais vidas andando em direção ao camburão da polícia. Busque informação e formação.

O clamor "SARA ESSA NAÇÃO" passa necessariamente pela sua vida. O óleo derramado por Deus se tornará real em nossa pátria através de suas ações. Clamar, cantar, orar e não fazer nada para que essa realidade mude, nos torna mais ateus que os próprios japoneses. É momento de se informar, raciocinar e agir! Agradeço a Deus pelo exemplo de cidadania que Ele nos mostra através dessa nação. Observar o funcionamento de suas escolas e escolhas mexe profundamente comigo. É isso! É exatamente isso que Deus sonhou para a humanidade quando criou o mundo. Ver o exemplo dos torcedores japoneses recolhendo o lixo após o jogo durante a Copa é um verdadeiro tapa na cara.

O mal existe, isso é fato. A corrupção toma conta dos corações, mas é certo que nenhum político nasce corrupto. Quem coloca dinheiro na cueca quando adulto, é porque não aprendeu a devolver o troco errado da padaria quando criança. Penso que pela lógica descrita na Bíblia de que um seguidor de Cristo se torna referência de ser humano e modelo a ser seguido, o Brasil, por ter população de maioria cristã, deveria ser exemplo de nação para as suas crianças (o que está muito longe de ser). Temos a declaração, mas nos falta a ação. O nosso modelo de sociedade nega o Cristo que pregamos. Discurso vazio. Novos corruptos sendo formados nas escolas. Estamos falhando em alguma parte do processo e insisto em dizer que o erro está na formação dos novos vasos.

Diante dessa triste constatação temos duas escolhas a fazer: cruzar os braços e dormir com esse barulho ou agir e não descansar até que ele silencie. Eu escolhi seguir pelo segundo.

*Daniela Marques acredita com todas as forcas na transformação de sua nação através do trabalho com crianças, por isso criou o projeto O Coração Vermelho (www.ocoracaovermelho.com)

¹ http://exame.abril.com.br/…/numero-de-assassinatos-no-japao…
² Pesquisas de Phil Zuckerman (2007), Richard Lynn (2008) e Elaine Howard Ecklund (2010), ONU, adherents.com, American ReligiousIdentification Survey, The Pew Research Center, Gallup Poll, The New York Times, Good, Nature, Live Science e Discovery Magazine.

quinta-feira, 11 de junho de 2015

AVIVAMENTO OU EMOCIONALISMO HISTÉRICO?



De onde será que surgiu a ideia de avivamento estar relacionado a barulho e movimento? Do Pentecostes? Talvez... Digo isso com pesar no coração, mas muitos ainda tem a firme convicção de que uma igreja avivada é aquela onde o som louvor e da pregação podem ser ouvidos a centenas de metros de distância. E os membros? Muitos deixam-se levar pela catarse. Será que estamos falando de um Deus com problemas de audição? Ou que relaciona espiritualidade a volume e movimento? Fico imaginando como seria esse termômetro:

Muitos gritos e movimentos = alto grau de espiritualidade
Silêncio e falta de movimentos = frieza espiritual

Sim querido leitor, é assim que muitos cristãos encaram o evangelho. Triste não? Esse texto é um estímulo ao raciocínio. Entoar o cântico que diz "no silêncio tu estás..." acompanhado de um som ensurdecedor de bateria e não notar o quanto isso é antagônico, é algo no mínimo intrigante. Sim, já o fiz, por isso cuido para não julgar. Mas é preciso deixar o alerta, na verdade, um convite a autoanálise. Que testemunho a sua comunidade tem dado à vizinhança? E às pessoas mais antigas da igreja ou às que tem maior sensibilidade de audição? Já teve o cuidado de perguntar a elas se o volume dos instrumentos e do microfone incomodam? Amigo, se isso não te preocupa questiono então que tipo de evangelho está vivendo, pois certamente não é o de Cristo.

Não, não levanto a bandeira dos hinos antigos - apesar de apreciar muitas melodias e conteúdos - mas precisamos no mínimo (no mínimo!) não deixar que nossas atitudes manchem a mensagem do Deus que pregamos, que é manso e humilde de coração. O mesmo Deus que nos desafiou a servir, a observar a necessidade do outro e jamais enfiar o Evangelho goela abaixo. Sim, pois é isso mesmo que os cultos e louvores barulhentos fazem, enfiam Jesus goela abaixo, ou melhor, ouvido adentro! Em amor, venho através desse artigo sugerir que reúna a liderança da sua comunidade e repense essa questão: "Será que incomodamos os nossos vizinhos com o barulho das músicas, pregações e instrumentos? Qual a necessidade de gritar no microfone? E o que pensam os membros?"

"Mas Dani, os jovens gostam de músicas agitadas, se tocarmos só hinos eles saem da igreja!" Então novamente te convido a raciocinar: Se é o nível de barulho e som dos instrumentos que "prendem" os jovens da sua igreja, questiono que tipo de mensagem estão pregando e vivendo. O que deve nos levar a Cristo não é o som da bateria ou da guitarra, mas sim a sua Graça irresistível. O nome já fala por si, é impossível resistir, por isso não precisamos de estratégias para segurar jovens em igrejas. A fé vem pelo ouvir a Palavra de Deus, não pela habilidade dos músicos da banda. "Como, pois, invocarão aquele em quem não creram? e como crerão naquele de quem não ouviram? e como ouvirão, se não há quem pregue? [...] De sorte que a fé é pelo ouvir, e o ouvir pela palavra de Deus." Romanos 10:14-17

Barulho nunca foi (e jamais será!) sinônimo de igreja avivada. Aliás, igreja nenhuma é capaz de promover avivamento, ela apenas clama para que aconteça. Também não prepara o ambiente, apenas ora e aguarda. Não é emocionalismo histérico, mas sim obra do Espírito Santo de Deus que produz arrependimento, santificação, caráter aprovado e engajamento nos serviços do Reino. As consequências de um avivamento genuíno são as de transformações na sociedade, diminuindo-se a pobreza, criminalidade, desigualdades e injustiças. Quer ver se a sua comunidade realmente passou por um avivamento genuíno? Observe seu bairro e a sua cidade. Quantos realmente renderam-se a Cristo? O avivamento é uma necessidade, pois vem para nos convencer do pecado, da justiça e do juízo. Nos coloca com a boca no pó e arranca de nosso íntimo um único grito: "Ai de mim! Estou perdido! Pois sou um homem de lábios impuros e vivo no meio de um povo de lábios impuros; e os meus olhos viram o Rei, o Senhor dos Exércitos!" Isaías 6:5

Não, não tenho nada contra um encontro barulhento e agitado. Se toda a comunidade está de acordo e o volume não incomoda a vizinhança, sigam em frente! Deus é Deus, quem sou eu para julgar? Mas querido, jamais relacione nível de volume a avivamento e espiritualidade. São assuntos distintos.

Mas sabe, tenho pra mim que Deus curte mesmo é um silêncio. Posso estar errada, mas algo me diz o contrário...

 "Então veio um vento fortíssimo que separou os montes e esmigalhou as rochas diante do Senhor, mas o Senhor não estava no vento. Depois do vento houve um terremoto, mas o Senhor não estava no terremoto. Depois do terremoto houve um fogo, mas o Senhor não estava nele. E depois do fogo houve o murmúrio de uma brisa suave..." 1 Reis 19:11,12

"Mas quando você orar, vá para seu quarto, feche a porta e ore a seu Pai, que está no secreto. Então seu Pai, que vê no secreto, o recompensará." Mateus 6:6

Daniela Marques é esposa, mãe e escritora. Edita os blogs SalveMeuCasamento, Vida de Mãe e coordena o projeto social O Coração Vermelho. Seguidora de Cristo e proclamadora voraz da mensagem da Cruz. Ama o que faz!