terça-feira, 29 de setembro de 2009

Superando o mal


Estava lendo o sermão da montanha no relato de Mateus e cheguei no 'Pai Nosso': e não nos deixes cair em tentação, mas livra-nos do mal. E, um pouco mais adiante: basta cada dia o seu mal.

Sabemos (ou deveríamos saber) de nossas limitações físicas, psicológicas e até espirituais. E ainda: somos incapazes de deter o imprevisível, com tudo o que está além de nosso alcance: perdas, tristezas, acidentes, fatalidades... e é aí que vemos a mão de Deus, pois é Ele quem nos dá a direção para que, depois que estamos vivenciando o mal que nos cerca nesse mundo tenebroso, conseguimos nos LIVRAR dele.

Muitos dos crentes acreditam que, após a sua conversão, Deus tem a obrigação de não permitir que mais nada de errado aconteça a ele, mas se esquece que o crente em Jesus Cristo é aquele que consegue enxergar além do problema, do mal, pois o cuidado de Deus é acima de tudo, ou como diria o apóstolo Paulo em sua carta aos Romanos: "Porque estou certo de que, nem a morte, nem a vida, nem os anjos, nem os principados, nem as potestades, nem o presente, nem o porvir, nem a altura, nem a profundidade, nem alguma outra criatura nos poderá separar do amor de Deus, que está em Cristo Jesus nosso Senhor."

Ora, superar o mal é isso: saber que ele já foi superado, pois vivemos para o eterno, para algo muito maior, que nos faz sempre olhar além. Obrigado, Jesus.

terça-feira, 22 de setembro de 2009

Neopaganismo evangélico

Vale a pena ler esse artigo publicado na Folha. Como ser igreja, sem ser comunidade? E como ser igreja, sem ser de Jesus? Essas igrejas combatem as religiões afro-descendentes simplesmente porque são suas concorrentes e não o seu contra-ponto. Entre outras coisas... leia!


José Arthur Gianotti
Prof. emério USP
fonte: Folha de São Paulo
Suplemento Mais 02/09/2009



Teologia pentecostal se afasta da tradição judaico-cristã ao atribuir ao mal uma potência independente de Deus e dos homens, afirma José Arthur Giannotti, professor emérito da USP e pesquisador do Centro Brasileiro de Análise e Planejamento, em artigo publicado no jornal Folha de S. Paulo, 02-08-2009.

Eis o artigo.

Estava passeando pela TV quando dei com um culto da Igreja Mundial do Poder de Deus. Teria rapidamente mudado de canal se não tivesse acabado de ler o interessante livro de Ronaldo de Almeida, "A Igreja Universal e seus Demônios - Um Estudo Etnográfico" [ed. Terceiro Nome, 152 págs., R$ 28], que me abriu os olhos para o lado especificamente religioso dos movimentos pentecostais. Até então, via neles sobretudo superstição, ignorando o sentido transcendente dessas práticas religiosas.

No culto da TV, o pastor simplesmente anunciou que, dado o aumento das despesas da igreja, no próximo mês, o dízimo subia de 10% para 20%. Em seguida, começou a interpelar os crentes para ver quem iria doar R$ 1.000, R$ 500 e assim foi descendo até chegar a R$ 1.

Notável é que o dízimo não era pensado como doação, mas simplesmente como devolução: já que Deus neste mês dera-lhe tanto, cabia ao fiel devolver uma parte para que a igreja continuasse no seu trabalho mediador. Em suma, doar era uma questão de justiça entre o fiel e Deus.

Em vez de o salário ser considerado como retribuição ao trabalho, o é tão só como dádiva divina, troca fora do mercado, como se operasse numa sociedade sem classes. Isso marca uma diferença com os antigos movimentos protestantes, em particular o calvinismo, para os quais o trabalho é dever e a riqueza, manifestação benfazeja do bom cumprimento da norma moral.

Se o salário é dádiva, precisa ser recompensado. Não segundo a máxima franciscana "é dando que se recebe", pois não se processa como ato de amor pelo outro. No fundo vale o princípio: "Recebes porque doastes". E como esse investimento nem sempre dá bons resultados, parece-me natural que o crente mude de igreja, como nós procuramos um banco mais rentável para nossos investimentos.

O crente doa apostando na fidelidade de Deus. Os dísticos gravados nos carros, "Deus é fiel", não o confirmam? Mas Dele espera-se reciprocidade, graças à mediação da igreja, cada vez mais eficaz conforme se torna mais rica. Deus é pensado à imagem e semelhança da igreja, cujo capital lança uma ponte entre Ele e o fiador.

Anticalvinismo

Além de negar a tradicional concepção calvinista e protestante do trabalho, esse novo crente não mantém com a igreja e seus pares uma relação amorosa, não faz do amor o peso de sua existência.

Sua adesão não implica conversão, total transformação do sentido de seu ser; apenas assina um contrato integral que lhe traz paz de espírito e confiança no futuro. Em vez da conversão, mera negociação. Essa religião não parece se coadunar, então, com as necessidades de uma massa trabalhadora, cujos empregos são aleatórios e precários?

Outro momento importante do livro é a crítica da Igreja Universal ao candomblé, tomado como fonte do mal. Essa crítica não possui apenas dimensões política e econômica, assume função religiosa, pois dá sentido ao pecado praticado pelo crente. O pecado nasce porque o fiel se afasta de Deus e, aproximando-se de uma divindade afro-brasileira, foge do circuito da dádiva. Configura fraqueza pessoal, infidelidade a Deus e à igreja.

Nada mais tem a ver com a ideia judaico-cristã do pecado original. Não se resolve naquela mácula, naquela ofensa, que somente poderia ser lavada pela graça de Deus e pela morte de Jesus, mas sempre requerendo a anuência do pecador.

Se resulta de uma fraqueza, desaparece quando o crente se fortalece, graças ao trabalho de purificação exercido pelo sacerdote. O fiel fraquejou na sua fidelidade, cedeu ao Diabo cheio de artimanhas e precisa de um mediador que, em nome de Deus, combata o Demônio. O exorcismo é descarrego, batalha entre duas potências que termina com a vitória do bem e a purificação do fiel.

Paganismo

Compreende-se, então, a função social do combate ao candomblé: traduz um antigo ritual cristão numa linguagem pagã. Os pastores dão pouca importância ao conhecimento das Escrituras, servem-se delas como relicário de exemplos. Importa-lhes mostrar que o Diabo, embora tenha sido criado por Deus, depois de sua queda se levanta como potência contra Deus e, para cumprir essa missão, trata de fazer o mal aos seres humanos.

O mal nasce do mal, ao contrário do ensinamento judeu-cristão que o localiza nas fissuras do livre-arbítrio. Adão e Eva são expulsos do Paraíso porque comeram o fruto da Árvore do Conhecimento do Bem e do Mal e assim se tornam pecadores, porque agora são capazes de discriminar os termos dessa bipolaridade moral.

Essa teologia pentecostal se aproxima, então, do maniqueísmo. Como sabemos, o sacerdote persa Mani (também conhecido por Maniqueu), ativo no século 3º, pregava a existência de duas divindades igualmente poderosas, a benigna e a maligna. Isso porque o mal somente poderia ter origem no mal. A nova teologia pentecostal empresta o mesmo valor aos dois princípios e, assim, ressuscita a heresia maniqueísta, misturando o cristianismo com a teologia pagã.

terça-feira, 15 de setembro de 2009

Sobre a inteligência

Sim, pois, pela muita inteligência e compreensão, às vezes, algumas pessoas deixam de provar o que devem provar em profundidade..., apenas porque já compreenderam com clareza.
- Caio Fábio

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

Cristoklub e o movimento monástico


Hoje li uma notícia sobre a criação de uma espécie de Orkut para cristãos, o Cristoklub (notícia no FolhaOnline). Mais uma vez podemos ver a incrível capacidade dos "cristãos" de ser sal dentro do saleiro e não da terra. A começar pelo infame nome do site, que dá a entender exatamente o que vemos em inúmeras igrejas espalhadas pelo mundo com essa idéia sectarista de clube.

Ao invés de mensagens, orações. Conteúdo, só "santificado"! Mais uma demonstração de monastério, onde é muito fácil mostrar os seus "princípios cristãos", longe dos que não crêem e que você não precisa mostrar que é diferente. Nas palavras de Magda: inclua-me fora dessa!

Sinceramente, parece-me que ninguém percebe por onde é que Jesus Cristo andou, com que tipo de pessoas ele se assentou à mesa e, para parar por aqui, o que Ele disse em sua oração sacerdotal.

E para os cristãos clubeiros venho lembrar de um trecho dessa oração, só um trecho, mas a leia inteira. Se encontra lá no Evangelho de João, capítulo 17. Ah, os grifos são meus.

Eu lhes tenho dado a tua palavra, e o mundo os odiou, porque eles não são do mundo, como também eu não sou. Não peço que os tires do mundo, e sim que os guardes do mal. Eles não são do mundo, como também eu não sou.

Santifica-os na verdade; a tua palavra é a verdade. Assim como tu me enviaste ao mundo, também eu os enviei ao mundo. E a favor deles eu me santifico a mim mesmo, para que eles também sejam santificados na verdade.

Não rogo somente por estes, mas também por aqueles que vierem a crer em mim, por intermédio da sua palavra; a fim de que todos sejam um; e como és tu, ó Pai, em mim e eu em ti, também sejam eles em nós; para que o mundo creia que tu me enviaste.

sexta-feira, 4 de setembro de 2009

Café com graça


Domingo, por volta das 4 da tarde, sinto o cheiro de café na casa dos meus queridos sogros. Eba! Hora de parar tudo (não que eu esteja fazendo algo de útil, talvez uma soneca, ou um jogo na tevê) e sentar com o meu sogro, minha esposa, às vezes, a sogra, a cunhada... as xícaras já estão na mesa. Bolo de cenoura, biscoitos e... conversa!
Se tem uma coisa que eu gosto nessa vida é conduzi-la de forma lenta, aproveitando pequenas coisas, dentre elas um Café com Graça! Desculpe a apropriação do programa que o Caio Fábio criou e que deu origem ao Caminho da Graça, mas não tenho outro nome para dar a esses momentos que falamos das maravilhas de Deus e de sua graça surpreendente em nossas vidas!