sexta-feira, 18 de junho de 2010

Saramago me fez enxergar Deus

Faz uns 10 anos que li "Ensaio sobre a cegueira" e assim que Fernando Meireles fez a sua adaptação do livro para o cinema fui correndo assistir. No início deste século, eu estava vivendo uma grande crise de fé e me perguntava "será que Deus realmente existe?".

Estava com 20 anos vividos praticamente todo dentro do gueto da igreja, sem sair, sem me "misturar". E essa "bolha" que imergi me fez pensar se aquilo era apenas seguro e confortável para mim, ou se alguma coisa naquilo tudo fazia sentido. Será que o meu deus era EU MESMO ou existia algo além daquele meu conforto exacerbado?

Então recebi uma vacina. Vacina criada por Jesus Cristo de Nazaré, em que o seu principal componente é o amor e que foi aplicada em mim pelo Espírito Santo de Deus através de pessoas dedicadas ao mestre, que o amavam loucamente e que me fez entender que Deus não é uma religião, mas Deus é AMOR.

E que o Saramago, que faleceu hoje aos 87 anos, ateu de carteirinha, lutador ferrenho contra toda a forma de fé tem a ver com tudo isso?

Bem, nesse interim, tive que ler a obra "Ensaio sobre a cegueira" a pedido de uma professora da faculdade. E a cada página lida, a cada situação deplorável do ser humano, a cada desconstrução de sociedade apresentada no livro eu via a resposta de tudo aquilo no Evangelho e na declaração de que o Reino de Deus é para aqueles que tem fome e sede de justiça.

E para aqueles que são limpos de coração e verão a Deus.

E para aqueles que amam a paz e se esforçam por ela se ligam a Deus, sendo chamados então de Seus filhos.

E para aqueles que são humildes de espírito e que, por isso, já possuem o Reino dos céus.

E para aqueles que choram e, assim, receberão o seu consolo.

E para aqueles que são misericordiósos e que, assim, alcançarão misericórdia.

Enfim, tudo o que aquele grupo que andou na contramão tresloucada dos ensanos cegados conseguiu foi andar conforme Jesus.

E aí eu enxerguei Deus ao ler Saramago. Deus é assim. Usa as coisas loucas desse mundo para confundir as sábias. E, no caso, usou a a coisa dita sábia deste mundo para me apresentar a sua loucura de amor por mim e pelo mundo.

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