quarta-feira, 28 de agosto de 2013

O PERIGO DAS IGREJAS TRADICIONAIS

Esses dias um leitor angustiado me enviou uma mensagem: "Dani, precisamos abrir os olhos dos cristãos adormecidos dentro das igrejas tradicionais! Por favor, quando puder escreva sobre o assunto! Depois de citar diversos fatores, terminou dizendo: "A coisa é um vespeiro e um mato sem cachorro tudo junto!" Bom, pra mim é fácil falar, pois nasci e cresci dentro de uma igreja tradicional, fiz toda a minha vida lá dentro. Entendo perfeitamente a angústia deste leitor. Infelizmente esta é a realidade das grandes e históricas organizações religiosas. Existem as exceções? É claro que sim! As instituições espalhadas pelo mundo estão recheadas de pessoas que amam a Deus e desejam serví-lo com sinceridade de coração, tenho certeza disso. Mas hoje, enxergo a instituição apenas como uma ferramenta para facilitar a Igreja (corpo vivo) no seu ministério de 'ir e fazer discípulos'. A partir do momento que ela perde o foco, deixa de ser útil e passa a atrapalhar. A difícil escolha que é oferecida há séculos aos cristãos das igrejas tradicionais, não é entre Jesus ou Barrabás. Se a escolha fosse esta, seria fácil demais, pois ninguém em sã consciência se identificaria com um assassino. A escolha que nos tem sido apresentada desde sempre é: Jesus ou Caifás? E Caifás nos engana, pois se mostra um homem justo, bom e religioso. Sua influência é perigosíssima, pois nos faz acreditar que estamos vivendo a vontade de Deus, quando na verdade estamos servindo à instituição. Para Caifás, o sagrado são as estruturas e doutrinas, e infelizmente seu espírito é mantido vivo em todos os séculos nos burocratas religiosos que condenam sem exitação gente boa de Deus que infringem alguma lei religiosa ruim, mas sempre por uma boa razão: pelo bem do templo, pelo bem da igreja, pelo bem da denominação...
 

No geral, a igreja institucional perdeu o seu foco. Ao invés de proclamar Jesus, vive na ânsia de superá-lo. As tradições eclesiásticas, doutrinas e leis humanas tem usurpado o lugar de Jesus. Para a grande maioria, a palavra "conhecereis a verdade e a verdade vos libertará" é apenas dita de pulpito, não é vivida. A igreja atribuiu a si mesma a função de proteger as almas confiadas a ela, para que se libertem da ansiedade e do tormento da decisão pessoal e da responsabilidade: "Porque nós, que nos dispusemos a liderá-las, estamos prontos a suportar essa liberdade!" Liberdade esta que eles fogem com horror, pois para eles, ser livre é coisa do capeta! E a questão principal deixou de ser: "O que Jesus diz?" e se transformou em: "O que a igreja diz?", pois apoiar-se na letra da lei é muito mais fácil. A grande maioria dos religiosos ainda não experimentou o que Paulo chama em Romanos 8:21 de "a gloriosa liberdade dos filhos de Deus". Eles vivem na casa do medo, do temor, e esquecem-se que "no amor não existe medo, pois o perfeito amor lança fora o medo. Ora, o medo produz tormento; logo, aquele que teme não é aperfeiçoado no amor". A sua liberdade vem pela fé em Jesus ou pela obediência à cartilha de regras e doutrinas da sua denominação? "Para a liberdade foi que Cristo nos libertou. Permanecei pois firmes e não vos submetais, de novo, a jugo de escravidão" (Gl 5:1). As expectativas colocadas em nossos ombros pela instituição, exerce uma pressão sutil, mas controladora no nosso comportamento, já a liberdade em Cristo, produz uma saudável independência da pressão do grupo. Precisamos ficar atentos!
 

Esse espírito de hipocrisia vive nos clérigos e políticos religiosos que desejam construir uma boa imagem ou carreira, mas por dentro nunca foram bons. Vivem de aparência e de muito falar. Preferem entregar o controle da suas vidas à regras e doutrinas a correr o risco de viver em sinceridade e transparência diante de Cristo e da comunidade. Eugene Kennedy escreve: "O demônio habita na ânsia de controlar em vez de libertar a alma humana". Já viu essa história antes? Pois eu já! Os cristãos tradicionais adormecidos vivem caminhando em fila indiana, atemorizados por líderes e grandes estruturas religiosas que os forçam a viver o seu modo de integridade. Tentam nos intimidar de forma muito sutil, de modo que entreguemos cegamente a nossa alma à Caifás: "Não falte à Escola Dominical!", "Venha aos cultos matutinos e vespertinos", "Não deixe de contribuir!", "Venha aos cultos de Santa Ceia!", "Sair da denominação é rebeldia!", "Não pertencer a uma igreja institucionalizada é perigoso", "Domingo é dia de ir à igreja", "Pastor precisa de diploma", "Só líderes ordenados podem ministrar a ceia, batismos e casamentos", "Contrariar a vontade da liderança é pecado!", "Não roube de Deus. Os 10% pertencem à Ele!. As ameaças disfarçadas de zelo são muitas. Mas quando me aprofundei nos Evangelhos, percebi que Caifás faria esse tipo de afirmações, Jesus não. Foi aí que decidi pular fora da fila indiana.
 

Um cristão sincero jamais colocaria o cumprimento de uma regra ou doutrina acima de uma vida. Pra mim, é absolutamente inaceitável que um pastor lute com todas as forças para retirar o automóvel que uma família recebeu como doação da comunidade num momento de necessidade, simplesmente porque foge às regras da denominação. Um verdadeiro servo de Deus jamais veria impecilho em batizar irmãos por imersão simplesmente por ter nojo da água. Alguém que diz ter o dom de pastor jamais se referiria aos irmãos das congregações mais humildes de 'mortos de fome e gentalha'. Um líder cheio de Deus jamais influenciaria um membro de menores condições financeiras a  colocar apenas R$ 10,00 no envelope do dízimo para aumentar o números de dizimistas no seu relatório da igreja. Um homem transbordando do amor de Deus jamais impediria um leigo de subir ao altar e orar pelos amigos noivos, simplesmente por ele não ter uma formação teológica. Um homem movido pelo Espírito Santo jamais convidaria irmãos mais abastados para sair de suas igrejas e passar a frequentar a dele. Um homem que busca ter o caráter de Cristo jamais trataria os membros de sua comunidade como peças de um tabuleiro, trocando-as de lugar em busca de benefício próprio. Um discípulo de Cristo jamais praticaria racismo, preconceito, mentiras, palavras de bajulação, centralização de poder, manipulações, difamações, calúnias e coisas do tipo. "Mas será que isso realmente acontece dentro das igrejas tradicionais?" Sim, estou falando do que eu vi, ouvi e vivi! E querem saber? Coisas muito piores do que esta acontecem. Já ouvi inclusive relatos de ameaças com arma de fogo dentro de gabinetes pastorais. Hoje não me escandalizo mais, apenas me entristeço. Meu processo de despertamento foi bastante lento, mas louvo a Deus porque em meio a dor, ele aconteceu.
 
E se você também deseja identificar se a liderança da sua igreja tradicional anda fazendo discípulos de Caifás, perceba como ela trata um irmão no dia-a-dia, como reage ao bêbado e à prostituta marcados pelo pecado, como responde à interrupções de pessoas que não gosta, como lida com gente humilde ou de raça diferente. Ela é humana ou vive um personagem? Abraça, chora e caminha junto? É humilde no agir e no falar? É serva ou controladora? É sincera ou vive de mentiras e manipulação? É expert em encenação? Transmite o caráter de Cristo em suas palavras e ações? Um sinal forte de proclamadores do 'evangelho de Caifás' é o muito falar.  Eles necessitam de auto-promoção: "Fomos visitar o doente", "Fomos à casa da viúva", "Ajudamos o irmão necessitado", "Fizemos uma doação", "Nosso encontro foi um sucesso!", "Chegaram novos membros", "A igreja está crescendo!", etc e etc. Mas não se engane, um discípulo de Cristo NÃO possui essa necessidade, pois o seu testemunho de vida fala mais alto. "Cuidado com os mestres da lei. Eles fazem questão de andar com roupas especiais, de receber saudações nas praças e de ocupar os lugares mais importantes nas sinagogas e os lugares de honra nos banquetes. Eles devoram as casas das viúvas, e, para disfarçar, fazem longas orações. Esses receberão condenação mais severa!" Marcos 12:38-40. Um líder entorpecido pela religião perde a conexão entre a pureza do coração e as obras externas de devoção. Torna-se um legalista. T.S. Eliot chama isso de "o maior pecado de todos: fazer a coisa certa pelo motivo errado". 

 

O verdadeiro seguidor de Jesus também não tem medo ou vergonha de ser quem ele é, um maltrapilho. Ele não esconde seus pecados. É interessante notar que os evangelistas Marcos, Lucas e João, chamam o autor do primeiro Evangelho de 'Levi' ou 'Mateus'. Mas em seu próprio Evangelho, ele sempre refere-se a si mesmo como "Mateus, o publicano", sem querer jamais esquecer quem foi e sempre tentando lembrar quão baixo Jesus desceu para resgatá-lo. Somos todos publicanos alcançados pela graça de Deus, assim como Mateus. Mas o religioso tomado pelo espírito de Caifás não aceita isto. Ele prefere viver sozinho com seus pecados e construir um falso 'eu', e vive tão aprofundado na própria mentira, que ele mesmo acretida que o falso 'eu' é o 'eu' verdadeiro. Dessa forma, nunca consegue exercitar a verdadeira comunhão, porque embora experimente a comunhão uns com os outros como religioso, não experimenta a comunhão sincera como pecador. O religioso esconde seu pecado de si mesmos e da comunidade, e a igreja se transforma num clube para santos, onde participam apenas aqueles que se adequam aos moldes da denominação. Vivem uma vida de comunhão de faz de conta. Mentira em cima de mentira com uma leve cobertura de religiosidade para disfarçar.
 

Os valores do mundo entraram nas igrejas tradicionais quando iniciou-se a segregação entre as pessoas: rico e pobre, branco e negro, culto e inculto, leigo e habilitado, espiritual e não espiritual. As famosas disputas santas. Um cristão nunca deveria enxergar-se como um sujeito que tem mais ou sabe mais, mas sim que foi chamado para um outro tipo de serviço. Humildade é uma das características principais de uma liderança cristã. "Eu não sou mais meu, eu não tenho mais nada e esses homens e mulheres são meus irmãos. Tudo o que eu tenho vem de Deus, por isso eu reparto. Meus dons e meus bens servem apenas para servir". Não podemos esquecer também do "clubismo" que assola a grande maioria das instituições, onde os eventos e programações são direcionadas apenas (ou especialmente) para os membros da igreja. E isso é impregnado de tal forma na mente dos fiéis, que eles realmente acreditam que estão vivendo o verdadeiro Evangelho. Mas quando conhecemos de fato o que Cristo viveu e pregou, fica fácil perceber que o caminho não é este. Um pastor que proíbe pessoas de outras denominações a participar das programações de sua igreja ou se recusa a orar por uma pessoa angustiada só porque ela frequenta outra comunidade, não está vivendo a verdadeira Igreja. Na verdade, um homem como este não é um pastor de vidas, mas um administrador de clubes. Jesus nos ensinou a 'ir' e não a ficar. Ele nos ensinou a dedicar tempo aos 'doentes', pois os sãos não precisam de médico.
 

A verdade nua e crua é que a maioria das instituições anda investindo tempo demais em eventos e programações internas, pois não querem correr o risco de ver seus peixes pulando para outro aquário. E pior do que isso, se alegram quando um membro de outra denominação passa a fazer parte da sua comunidade, como se naquele dia os céus estivessem em festa! Queridos, esta visão é turva e completamente distorcida! Uma liderança que tem o foco no Evangelho, prepara seus membros para sairem em busca dos excluídos e dos que ainda não foram alcançados pela graça, e não faz isso com a pretensão de acrescentar nomes ao rol de membros, mas sim no livro da Vida! Ela não está nem um pouco preocupada se aquele 'novo convertido' vai passar a fazer parte da sua igreja, porque tem a plena convicção que ele já é parte do Corpo Vivo, da Igreja de Cristo! O convite de Jesus é: Ide e fazei discípulos de CRISTO, não de Batistas, Metodistas, Assembleianos, Presbiterianos... Fazer um discípulo é trabalhar para que Cristo resplandeça no caráter daquela pessoa, e não fazer com que ela entre nos moldes da sua denominação. A partir do momento que uma pessoa entende o plano da salvação através do sacrifício de Cristo, ela precisa ser estimulada a caminhar com as próprias pernas, não pode viver eternamente mamando na "teta" da igreja. Ela precisa desenvolver seus dons, amadurecer e viver o "Ide" de Jesus por onde passar. E ao contrário do que dizem, isso não é privilégio de bispos, pastores ou presbíteros, mas de TODOS aqueles que creram!
 

E o que fazer quando identificamos problemas como estes dentro de nossas igrejas? Seguindo o conselho que Paulo dá a Timóteo, "não aceite acusação contra um presbítero, se não for apoiada por duas ou três testemunhas." 1 Timóteo 5:19. Quando o erro vem apenas de um dos líderes e o conselho da igreja também enxerga este erro, fica mais fácil resolver o problema e voltar ao foco. Agora, se mesmo com testemunhas e provas, a liderança local ou a cúpula da instituição persiste no erro,  aí o negócio fica feio, pois é preciso ter estômago para se submeter a uma liderança entorpecida pelo espírito de Caifás. Em casos como este, o persistir é uma decisão bastante séria e particular, que deve em primeiro lugar ser resolvida entre você e Deus. E essa decisão não é fácil, pois te faz perder amigos e fazer inimigos, inclusive dentro da própria família. Uma triste realidade. Mas como disse Susan Yates: "Caráter sem coragem não é nada. A coragem é o que nos permite agir segundo nossas convicções". Se permanecer dentro da instituição tem trazido dor e angústia à sua alma, gostaria de te confortar dizendo: Jesus nunca te pediu este sacrifício! A exortação que encontramos em Hebreus 10:25 é "não deixem de congregar", ou seja, caminhem ao lado de pessoas que compartilham dessa mesma fé, e isso pode acontecer na sua casa, numa praça, num restaurante e até mesmo dentro de uma igreja. Mas como bem sabemos, este versículo é interpretado de outra forma pelos discípulos de Caifás: "Faltar aos cultos de domingo é pecado!" Por isso meu irmão, agora que você sabe da verdade, tire esse peso das suas costas. Paulo também aconselha: "Mas agora estou lhes escrevendo que não devem associar-se com qualquer que, dizendo-se irmão, seja imoral, avarento, idólatra, caluniador, alcoólatra ou ladrão. Com tais pessoas vocês nem devem comer." 1 Cor 5:11 "Recomendo-lhes, irmãos, que tomem cuidado com aqueles que causam divisões e colocam obstáculos ao ensino que vocês têm recebido. Afastem-se deles. Pois essas pessoas não estão servindo a Cristo, nosso Senhor, mas a seus próprios apetites. Mediante palavras suaves e bajulação, enganam os corações dos ingênuos." Romanos 16:17-18
 

Muitos acreditam que contrariar uma autoridade é sinônimo de rebeldia, mas quando essa autoridade sai da vontade de Deus e toma atitudes contrárias à Palavra, nosso DEVER de cristão é ir contra e denunciar essa autoridade. Os que compactuam com essas atitudes ou permanecem indiferentes por comodidade, provavelmente não ouviram o conselho de Paulo em I Tim 5:22 "...não participe dos pecados dos outros". Denunciar a iniquidade não significa ódio e rancor. Jesus colocou o dedo na cara dos hipócritas que encontrou e fez tudo isto sempre em amor e por amor a eles.  Jesus odiava a Herodes por que o chamou de “raposa”? Jesus odiava os fariseus por que os apelidou de “sepulcros caiados”, “sepulturas invisíveis”, “comedores de camelos e catadores de mosquitos”, “copos lavados por fora e sujos por dentro”? Não, Jesus amava quando assim fazia! Sim, Ele amava com amor de verdade, não com a fantasia do amor. A fantasia do amor de faz acreditar que tudo pode ser relevado pelo bem da igreja. Uma grande cilada! Paulo denunciou algumas pessoas pelo nome, não por causa delas, mas em razão do que elas representavam como ensino do mal ao povo. Com certeza Paulo não odiava Hemineu ou Fileto, aos quais ele acusa de corromperem a fé como um câncer em estado de metástase — mas sim o fato de que o ensino deles era anti-evangelho, e, sendo eles os “apóstolos” daquela perversão do Evangelho, ele, Paulo, por amor ao Evangelho e por amor aos que estavam sendo corrompidos, os denuncia. Embora todos nós saibamos que se Hemineu e Fileto se convertessem com sinceridade, em Paulo encontrariam grande refugio de amor fraterno. Entretanto, enquanto pessoas forem os ícones de tais perversões entre nós, o nome delas deve ser denunciado sim, até que se convertam e até que sejam curados, caso algum dia necessitem e desejem!
 

"Mas como podemos desobedecer a autoridades constituídas por Deus? Isso não contraria o ensino das Escrituras em Romanos 13?" A resposta pode ser encontrada no episódio em que as autoridades judaicas proíbem os apóstolos Pedro e João de proclamarem o Evangelho e ensinarem em nome de Jesus (Atos 4:18). Observe a resposta que eles deram: “Julgai vós se é justo, diante de Deus, obedecer antes a vós do que a Deus?” (Atos 4:19). Devemos obedecer às autoridades, desde que suas ordens e leis não conflitem com a vontade de Deus revelada nas Escrituras. Não confundam submissão com subserviência! É dever cristão insurgir-se contra qualquer autoridade que não esteja cumprindo seu dever de promover o bem e punir a injustiça, atribuições que lhe são requeridas na mesma passagem em que somos ordenados a submeter-nos a elas (Romanos 13). Temos o dever de rebelar-nos contra leis injustas, que favorecem a uns à custas de outros.
 

"Mas Dani, como uma instituição (ou pessoa) que prega a Cristo pode ser capaz de praticar tais atos?" Uma árvore se reconhece pelos frutos. Veja o que Jesus disse: "Acautelai-vos, porém, dos falsos profetas, que vêm até vós vestidos como ovelhas, mas, interiormente, são lobos devoradores. Por seus frutos os conhecereis. Porventura colhem-se uvas dos espinheiros, ou figos dos abrolhos? Assim, toda a árvore boa produz bons frutos, e toda a árvore má produz frutos maus. Não pode a árvore boa dar maus frutos; nem a árvore má dar frutos bons. Toda a árvore que não dá bom fruto corta-se e lança-se no fogo. Portanto, pelos seus frutos os conhecereis. Nem todo o que me diz: Senhor, Senhor! entrará no reino dos céus, mas aquele que faz a vontade de meu Pai, que está nos céus. Muitos me dirão naquele dia: Senhor, Senhor, não profetizamos nós em teu nome? e em teu nome não expulsamos demônios? e em teu nome não fizemos muitas maravilhas? E então lhes direi abertamente: Nunca vos conheci; apartai-vos de mim, vós que praticais a iniqüidade." Mateus 7:15-23. Pregar a Cristo não significa estar cheio de Cristo. Esteja atento!
 

E pra terminar, deixo com vocês um resumo dos "10 pecados da instituição" que ouvi do Ed René. Sugiro que faça uma cópia e deixe afixado lá no mural da sua igreja! ;)
 

1 - Não enclausure Deus nas paredes da sua instituição. "Nós os Batistas, nós os Metodistas, nós os Presbiterianos é que estamos certos!" E isso gera a famosa "síndrome do vazio". Por exemplo, um batista conhece uma cidade pequena ou um bairro que possui uma Assembleia, uma Presbiteriana e uma Metodista, aí ele sente um "vazio Batista" e decide fundar uma igreja Batista, ao invés de ajudar e se unir às comunidades já existentes. "Ah, mas o culto só é legítimo se obedece a minha liturgia, se a teologia é de acordo com a minha declaração doutrinária..." Queridos, 'prestenção': Isso foge à lógica do Reino de Deus! Não tem fundamento bíblico algum!
 

2 - Não limite as manifestação do Reino de Deus aos horizontes da sua instituição, pois ele é muito maior que elas. Os pastores costumam fazer uma pressão santa em seus membros: "Ah, você precisa começar a abrir mão de algumas coisas e se dedicar mais à igreja! Precisamos de pessoas com tempo para liderar células, para cantar no coro, para organizar o retiro de casais... Precisamos de pessoas que trabalhem pra Deus!" Meu irmão, a enfermeira que cuida do doente, a mãe que educa seus filhos e o pedreiro que constrói uma casa, também estão trabalhando para o Reino quando levam o amor de Cristo através de suas palavras e ações. O Reino de Deus é infinitamente maior que a sua instituição.
 

3 - Não condicione a relação com Deus com a relação institucional. "Ah! Se alguém não é Prebisteriano ainda não é irmão, não é convertido. Ele ainda não foi batizado nos moldes da minha religião, não fez classe de novos membros, profissão de fé..." Querido, acredite ou não, Deus tem muitos a quem a igreja não tem e a igreja tem muitos a quem Deus não tem. Quem tem ouvidos para ouvir, ouça!
 

4 - Não exija do povo de Deus sacrifícios em nome da instituição. "Vamos reformar o templo. Precisamos nos sacrificar por Jesus!" O cara fala isso e ainda tem coragem de usar o texto de Neemias reconstruindo os muros de Jerusalém para justificar. Meu irmão, não faça isso. Uma coisa não tem nada a ver com a outra. O templo é uma coisa e Jesus é outra bem diferente.
 

5 - Não restrinja a atuação ou vocação ministerial à sua instituição. Os dons e ministérios foram distribuidos para a edificação do corpo, e como falamos, o Reino não se restringe à sua comunidade. Se um líder religioso não permite que os membros da sua igreja contribuam financeiramente ou através dos seus dons e serviços em outras denominações ou organizações (cristãs ou não), é porque está com seu horizonte institucional restrito (pra não dizer totalmente bloqueado). Pense nisso: Por que sua igreja precisa fundar uma creche se no bairro já existe uma outra precisando de ajuda? A lógica do Reino nos levaria a colaborar com os serviços da creche já existente, sendo ela da mesma denominação ou não.
 

6 - Não confunda instituição com corpo vivo de Cristo. Não confunda o livro de rol de membros da sua igreja com o livro da Vida. Não confunda instituição religiosa com comunidade cristã. Uma coisa é bem diferente da outra. A comunidade tem a Bíblia Sagrada como referência, a instituição tem o estatuto, o regimento, os cânones; A comunidade é teocentrica, a instituição é democrática; No Corpo Vivo as decisões são tomadas em oração, esperando sempre a direção de Deus. Numa instituição as decisões são tomadas através de assembleias e votos;  O Corpo Vivo não encontra barreiras, a instituição encontra, e muitas!
 

7 - Não pretenda gerir o corpo vivo de Cristo com a lógica da gestão institucional. "Pastor, eu tenho que dar o dízimo de 10% na igreja local? E se eu atrasar, preciso atualizar no próximo mês?" Não, não e não! A reposta de um pastor focado no Evangelho seria: "Primeiro, não precisa ser 10%. Segundo, não precisa ser aqui na comunidade local, pode ser aonde seu coração mandar, e terceiro, você não precisa atualizar os atrasados porque não estamos tratando da mensalidade de um clube, ok? Deus não quer seus 10%, o que Ele realmente deseja é um coração generoso. E quando você tiver um coração generoso, vai doar bem mais do que 10%." Mas e o sustento da igreja local, como fica? A resposta é simples: Deus não é homem, e a lógica do Reino é bem diferente da lógica humana.
 

8 - Não priorize as relações funcionais em detrimento das relações 
pessoais. Um pastor não pode nunca tratar suas ovelhas como mão de obra para o crescimento do seu ministério. Elas devem ser tratadas como irmãos e não como funcionários.
 

9 - Não pretenta perenizar a sua instituição. As instituições tem ciclos vitais, não são eternas. E não tem problema nenhum se ela morrer, fechar ou se revitalizar... Como o foco é a Igreja de Cristo, podemos ficar tranquilos, pois mesmo que a instituição acabe, a Igreja continua viva!
 

10 - Jamais coloque o corpo vivo de Cristo a serviço da instituição. A instituição é que deve estar a serviço do Corpo de Cristo. O pensamento da comunidade deve ser: "O que Deus está nos chamando pra fazer neste bairro, nesta cidade? Como a instituição pode nos auxiliar neste serviço de proclamação do Reino?" Percebe a diferença? Se ela não está ajudando, é porque chegou a hora de acabar com tudo, repensar e começar do zero!
 

A graça não pode ser confinada ou escravizada pela religião. Deus é muito maior que tudo isso e o Espírito Santo é um vento que sopra pra onde quer. Que o Senhor desperte os adormecidos, e que os despertos, despertem outros. Essa é minha oração.



Dani Marques
 

 *Diversos trechos desse artigo foram retirados de vídeos ou textos de Ed René, Ariovaldo Ramos. Caio Fábio e Brannan Mannig.










Um comentário:

  1. nenhuma organização religiosa tem o poder de transformar o caráter de uma pessoa,quer seja tradicional ou pentecostal,mas quando cristo entra na vida de uma pessoa, a transformação é real .
    "assim que,se alguém está em cristo, nova criatura é:as coisas velhas já passaram;eis que tudo se faz novo.
    2 coríntios 5.17

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